domingo, 17 de junho de 2012

Apresentação


Quando criança, não gostava muito de ser chamado de Antônio; pensava que era nome de velho. Na adolescência então, piorou, nome de santo, casamenteiro ainda por cima. Mas, de uns tempos para cá, virou moda novamente. Acho que só aceitei realmente essa condição, quando soube que a Maria Rita (filha da Elis Regina, de quem sou fã incondicional) resolveu batizar o seu primogênito com o nome de: Antônio.
Nasci no inverno de 1976, no dia 13 de julho, plena ditadura militar, em Tupanciretã, cidade localizada no centro-oeste gaúcho, perto de Cruz Alta, terra do grande escritor Erico Verissimo, que em sua obra O tempo e o vento, na primeira parte, faz duas referências à minha terra natal.
Aos 17 anos, fui para Santa Maria onde cursei 5 semestres de Filosofia no Seminário Diocesano. Depois de um tempo, decidi entrar numa ordem religiosa, em Santa Cruz do Sul, onde continuei, por mais 2 anos, os cursos de Filosofia e Teologia. A fase sacerdotal ficou para trás e resolvi tentar a vida na capital. Trouxe na bagagem uma paixão muito grande pela música. Talvez por ser canceriano, gosto muito de colecionar coisas, e hoje, possuo um acervo pessoal de mais de 2500 álbuns nos formatos CDs e Discos de Vinil.
Trabalhei durante 11 anos em uma biblioteca escolar envolvido diretamente em projetos voltados ao incentivo à leitura. Essa experiência profissional fez com que eu desenvolvesse o interesse pelo curso de Letras. Ingressei na Unisinos, por ficar perto de Portão, local de minha residência, onde vivo em um sítio com muita natureza, 1 cão (Paco), 2 gatos (Bentinho e Capitu) e um grande amor. 
Desde 2011, desenvolvo minhas atividades junto à Ama Livros Distribuidora (www.amalivros.blogspot.com), realizando muitos trabalhos em muitas escolas, contando histórias, falando de literatura e incentivando cada vez mais pessoas a descobrirem o encanto pelos livros.
Acredito que a felicidade é uma conquista diária e urgente; nunca a coloco numa previsão futura, portanto, sou e estou muito feliz. Citando uma música cantada por Elis: Agora, só me faltam carneiros e cabras pastando solenes no meu jardim.

sábado, 16 de junho de 2012

A liberdade da literatura

Resenha do capítulo: O estatuto da literatura infantil, do livro: A literatura infantil na escola, de Regina Zilberman, para a disciplina de Formação do Jovem Leitor, com a professora Celia Doris Becker (in memorian).


lustração de André Neves

O conceito de literatura infantil popularizado no ambiente escolar está intimamente vinculado aos aspectos inerentes à reformulação da estrutura escolar iniciada no final do séc. XVII e presente até os dias atuais. Em sua obra: A literatura infantil na escola, lançada em 2003, pela Global Editora, no capítulo intitulado: A criança, o livro e a escola, a autora Regina Zilberman discorre sobre a origem desse gênero literário e o seu atrelamento à nova estrutura de educação como um suporte pedagógico em detrimento de sua função de arte ficcional.
A escritora apresenta, num primeiro momento, um quadro histórico do surgimento do conceito de infância. Até a Idade Moderna, a criança era vista mais como um projeto do que realmente iria se tornar: um adulto. Com a crise do feudalismo, as posturas aristocráticas foram sendo deixadas de lado e uma nova forma de pensar a família surgiu.  A criança passa a ter um lugar de destaque e de cuidado em um ambiente mais íntimo em que os laços de afeto são estimulados na privacidade do lar, bem ao gosto do estilo burguês do séc. XVIII.
Enriquecendo o trabalho, Zilberman faz uso de algumas citações de autores que também se debruçaram sobre o tema. É o caso de Edward Shorter que aponta uma desestruturação da família tradicional baseada no feudalismo. O namoro passa a ser incentivado pelo amor e não como um acordo familiar e interesseiro; o relacionamento entre mãe e filhos, onde o amor materno passa a ser uma verdade incondicional e acima de todas as coisas e, por fim, a criança é retirada do meio social, sendo protegida e isolada na privacidade do lar. Rousseau é visto como o teórico que apontou a pureza infantil e a necessidade de separá-la do meio social até que esteja preparada para enfrentar o mundo adulto.
A ideia de infância nestas características de “inocência” e do “bom selvagem” corporifica dois sonhos dos adultos: o ideal de permanecer nessa pureza e a expansão do desejo de superioridade, já que a criança permanece inteiramente sob seu jugo.
Para sustentar essa estrutura, a escola também passa por um processo de adaptação no intuito de manter a ordem vigente. Como instituição preparadora para a vida adulta, a escola precisava proteger as crianças, isolando-as da sociedade, impedindo uma vida social diversificada, tornando-se, assim, um mecanismo ideológico. Aparecem também as primeiras criações literárias voltadas ao público infantil como um instrumento das normas em vigor.
Para merecer o status de arte, a literatura infantil necessita desatrelar-se do moralismo com que foi alcunhada. Tanto a escola quanto a literatura possuem uma natureza formativa dinâmica, cabe a esta ser utilizada como um espaço de lazer e fantasia, comprometida com o meio social, sintetizando através da ficção o mundo no qual o indivíduo está inserido, apontando possibilidades diversificadas de visões presentes no texto, assim, poderá haver um intercambio entre o leitor e o texto e um distanciamento da doutrinação que permeou a utilização da obra literária no ambiente escolar durante tanto tempo.