segunda-feira, 3 de março de 2014

Para uma leitura permitida e obrigatória

Antônio Schimeneck, 03/2014

A Editora BesouroBox acaba de lançar o belo Céu de um verão proibido, do escritor e amigo João Pedro Roriz. Digo belo, pois a edição, que tem capa, projeto gráfico e ilustrações do talentoso Marco Cena e produção editorial de Bruna Dali e Maitê Cena, está um deslumbramento.



Terminei a leitura há pouco e não resisti ao desejo de relatar algumas impressões ao empreender essa viagem pelo universo de Alexia.
A obra transpira adolescência. Um período tão complicado de transpor para a literatura, já que, normalmente, quem escreve sobre esse período tão crítico e belo do ser humano esquece que foi adolescente um dia. O autor consegue realizar esta façanha: Reportar-nos para o nosso adolescer. Através dos dramas, das dúvidas, dos rompantes de alegria e de tristeza da personagem-narrador, relembramos que também passamos pelas mesmas incertezas.
Alexia conta sua história, sua passagem pela adolescência, em um período bem conturbado do Brasil: Época em que se aprendia a conviver com a democracia; em que um presidente da república passou por um processo de impeachment; em que um grande herói de fórmula 1 perdeu a vida; em que o povo comemorou a vitória em mais uma copa do mundo.
Como se não bastassem tantos eventos importantes, nos deparamos com um ainda mais arrebatador: O momento em que ela descobre a literatura. O movimento de mergulho no livro se dá de forma gradual e nos permite relembrar o quanto essa imersão é importante e decisiva em nossa trajetória. É através da palavra escrita que conseguimos resolver muitos de nossos questionamentos. É nessa solidão e nesse silêncio que os fios vão se ligando e tecendo a matéria que nos forma e nos torna tão especiais. Foi assim com Alexia e, talvez por isso tenha me identificado tanto com a obra, foi assim comigo!
Relembrar alguns acontecimentos recentes da história do Brasil, o que para um país que tem memória curta não é pouca coisa; transportar-nos para uma fase tão cheia de mistérios e descobertas como a adolescência; e, por fim, apresentar-nos um enredo cheio de conflitos com um final surpreendente, fazem deste Céu de um verão proibido uma leitura permitida e obrigatória para aqueles que são ou que foram adolescentes um dia.
Bravo!