Antônio Schimeneck, 03/2014
A Editora BesouroBox
acaba de lançar o belo Céu de um verão
proibido, do escritor e amigo João Pedro Roriz. Digo belo, pois a
edição, que tem capa, projeto gráfico e ilustrações do talentoso Marco Cena e
produção editorial de Bruna Dali e Maitê Cena, está um deslumbramento.
Terminei
a leitura há pouco e não resisti ao desejo de relatar algumas impressões ao empreender
essa viagem pelo universo de Alexia.
A obra transpira
adolescência. Um período tão complicado de transpor para a literatura, já que,
normalmente, quem escreve sobre esse período tão crítico e belo do ser humano
esquece que foi adolescente um dia. O autor consegue realizar esta façanha: Reportar-nos
para o nosso adolescer. Através dos dramas, das dúvidas, dos rompantes de
alegria e de tristeza da personagem-narrador, relembramos que também passamos
pelas mesmas incertezas.
Alexia conta sua história,
sua passagem pela adolescência, em um período bem conturbado do Brasil: Época
em que se aprendia a conviver com a democracia; em que um presidente da república
passou por um processo de impeachment; em que um grande herói de fórmula 1
perdeu a vida; em que o povo comemorou a vitória em mais uma copa do mundo.
Como se não bastassem
tantos eventos importantes, nos deparamos com um ainda mais arrebatador: O
momento em que ela descobre a literatura. O movimento de mergulho no livro se
dá de forma gradual e nos permite relembrar o quanto essa imersão é importante
e decisiva em nossa trajetória. É através da palavra escrita que conseguimos
resolver muitos de nossos questionamentos. É nessa solidão e nesse silêncio que os
fios vão se ligando e tecendo a matéria que nos forma e nos torna tão
especiais. Foi assim com Alexia e, talvez por isso tenha me identificado tanto
com a obra, foi assim comigo!
Relembrar alguns
acontecimentos recentes da história do Brasil, o que para um país que tem memória
curta não é pouca coisa; transportar-nos para uma fase tão cheia de mistérios e
descobertas como a adolescência; e, por fim, apresentar-nos um enredo cheio de conflitos com um final surpreendente, fazem deste Céu de um verão proibido uma leitura permitida e obrigatória para aqueles
que são ou que foram adolescentes um dia.
Bravo!
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